16 outubro 2016

Gustav Beer

Gustav(e) Beer (1870 - 1957)

Estilista alemão estabelecido em Paris.

Não achei fotos dele.  Existe uma caricatura que foi publicada na revista Fémina em janeiro de 1903,  mas não consegui achar a imagem.... infelizmente.

Era considerado como um dos costureiros mais caros de Paris nas duas primeiras décadas do séc. XX.

Teria começado em Vienna e, depois, ido para Paris, onde fazia leques e sombrinhas (em 1885??), no Boulevard Poissonnière,  mudando para o nº 4, Place de L'Ópera e, finalmente, para o 7 Place Vendôme.

1895 - Museu de Tóquio (1):
Esse já está com etiqueta da Place de l'Opera, donde se conclui que a chegada a Paris não ocorreu em 1905 como a maior parte dos sites afirma.

Bouclé de seda preto. Vestido em duas peças com mangas presunto. Gola e pala de cetim de seda e sarja sobrepostas e bordadas.  Decoração em formato de lua crescente de veludo na gola e ombros. O cetim de seda bege é visível através das fendas.

Estas fendas remetem às usadas na renascença, de acordo com a nostalgia pelo "grande passado" que se sentiu no fim do século XIX.














1896 - Museu Metropolitan de Nova Iorque (2):
1901 (3)


Este vestido foi publicado na revista Les Modes em junho de 1901.

Tinha duas partes de cima, uma para o dia e outra para a noite.
A etiqueta já menciona o endereço da Place Vendôme.



Beer mudou sua Maison para o nº 7 da Place Vendôme.

O ano de 1905 também não seria o da mudança, como vimos pela etiqueta deste vestido publicado em revista no ano de 1901....


(2) Museu MET (entre 1900 e 1905)


c. 1902-1907 - Museu de Philadélphia (4)
Tule de seda, chiffon, tafetá e veludo.

Foi usado pela americana Almira Russell Hancock, esposa de Eugene Griffin, vice presidente da General Electric Company of America.



 








1903: (5)
Estas fotos saíram publicadas em duas revistas inglesas, "The Sketch" e "The Tatler", a primeira indicando serem da loja parisiense e a segunda, da loja londrina....

















Mas eram da loja de Paris, como se vê pela entrada, igual à da pintura de 1908, logo abaixo.


O local destinado à prova dos vestidos tinha um arco de lâmpadas.... um luxo, como todo o resto da maison, exaltado por um dos artigos, que faz referência, também, à transformação para companhia limitada, abrindo-se opção de investimento ao público.










1905 - Museu The Frick Pittsburgh (6):

De acordo com a doadora deste vestido ao museu, Helen Clay Frick, sua mãe, Adelaide Frick, o usou em uma recepção na Casa Branca a convite do Presidente Theodore Roosevelt.

O vestido é feito de veludo de seda, tafetá e cetim, renda de Bruxelas, fita e fios dourados. 


1905: (7)
Top e saia longa com cauda de chiffon, lantejoulas, veludo e renda.

Vestiu a realeza européia, como a Imperatriz Frederica da Alemanha e a Rainha de Portugal.

Sua estética mudou da conservadora, embora extravagante, curva em "S" da Belle Époque  para as silhuetas mais relaxadas dos anos 10.


Ele não é lembrado por inovações, mas pela opulência de seus desenhos.  Suas peças são descritas como suntuosas e abertamente extravagantes, embora seu lema fosse: "elegância conservadora para clientes conservadoras".

Manteve lojas em Nice (8, Avenue Massena), Monte Carlo (Avenue de la Madone) e Londres (Sackville Street).

1908 (8): Propaganda das "baleines" Weeks mostrando a fachada da Maison Beer na Place Vendôme (onde se vê que a loja de Londres repetiu a entrada da loja parisiense) e a assinatura do costureiro.




1908 (9):
1910 (9):

1912 - Museu Pallais Galliera (10):

Vestido com decote em "V" na frente e nas costas, cintura alta, linha estreita, blusa enfeitada de uma flor brilhante, saia enteiramente rebordada, mangas de musselina com fendas e longa cauda estreita.

Musselina de seda creme recoberta de tule de seda.

Lantejoulas irisadas e azuis, pérolas e strass, tubos dourados, contas leitosas.

Etiqueta em cetim na cintura bordada em amarelo sobre marfim:  "BEER 7, place Vendôme Paris.Nice.Monte-Carlo" e, em lápis: "83956".

1912 (9):


1913 (11):

Vestido de cetim de seda azul água.

Túnica assimétrica revelando medalhão e franja de contas de cristal, lantejoulas irisadas cor de água, strass e pompons cobertos de cetim

Mangas curtas de tule e sobressaia com inserções de tule bordado com motivos de ondas com contas prateadas e lantejoulas azul água.

Forro de seda chinesa marfim.

etiqueta:  Beer/7 Place Vendome/Paris/Nice/Monte Carlo.





1919 (1):

Tule de seda preto bordado de contas prateadas e strass.  Franjas de contas prateadas.  Cauda longa. Faixa em verde e listras douradas.  Vestido de baixo em lamê prateado.
O vestido já mostra uma silhueta reta, que faria muito sucesso na década seguinte.

Essa estampa bordada em forma de ondas ("seigaiha") foi repetidamente usada nos anos 20 como motivo popular da Art Déco que favorecia as figuras geométricas.

Label:Beer,7 Place Vendôme. Paris Nice MONTE-CARLO













1920 (9):

Anos 20 - Museu Nacional da Irlanda do Norte (12)

Vestido composto por três peças usadas uma por cima da outra.

O vestido de baixo é de crepe azul.  A bainha é terminada com uma aplicação de tule azul coberto com camadas sobrepostas de lantejoulas cinza prata foscas.

O vestido do meio tem decote redondo, levemente mais baixo na frente de tule azul coberto das mesmas lantejoulas.  A barra é de franjas de lantejoulas verticais
Os 21 centímetros acima da franja são de lantejoulas levemente mais azuis e brilhantes.

O vestido de cima tem um decote V profundo na frente e mais profundo ainda nas costas, que forma um leve drapeado.

As três partes são retas e a cintura baixa é marcada somente por lantejoulas aplicadas horizontalmente  em uma faixa de 4,5cm.


1921 (9):

1924 (9):

1925 : casaco (13)




1927: Casaco de couro para caça (Harper's Bazaar) (14)



Neste ano, de 1927, ingressa na empresa para trabalhar como modelista, criadora, Mme Germaine, que já havia trabalhado na Maison Worth (Convite abaixo para a coleção de inverno).

Sobre ela, vemos no livro "A Shopping Guide to Paris", de Thérèse e Louise Bonney (1929) (15):

 "Beer e Drecoll devem se fortalecer com a presença de Mlle Germaine, recentemente uma designer de Worth. A mulher sofisticada que valoriza uma certa maturidade inteligente no meio da fumaça do mundo flapper conseguirá encontrar aqui uma casa que assegure a ela o chic compatível com a dignidade e uma sutil juventude que ela pode se conceder."




1928 (9): Maiô


A maison se fundiu, em 1929, à  casa Drecoll, existindo sob o nome Drecoll-Beer.

Em 1931 se misturou com a maison Agnes e o nome Beer saiu definitivamente.

O site francês da wikipedia se refere a um libretista com o mesmo nome.... e não faz nenhuma referência ao costureiro.


Ver também:
(1) http://www.kci.or.jp/
(2) http://www.metmuseum.org
(3) https://www.rubylane.com
(4) http://www.philamuseum.org/
(5) http://www.ebay.co.uk/itm/Fashion-House-Gustave-Beer-Couture-Sackville-Street-London-1903-Photo-Article-/161988845748
(6) https://collection.thefrickpittsburgh.org/
(7) http://www.antiquedress.com/
(8) http://www.diktats.com/
(9) http://gallica.bnf.fr
(10) www.palaisgalliera.paris.fr
(11) https://doyle.com/
(12) http://nmni.com/
(13) http://www.antiquedress.com
(14) http://hprints.com/
(15) https://archive.org/stream/shoppingtoguide007017mbp#page/n51/mode/2up


pastperfectvintage.com
https://lilyabsinthe.com/adams-atelier-where-history-meets-fashion/fashion-history/gustave-beer/
http://www.fashionmodeldirectory.com/designers/sylvie-and-jeanne-boue/
http://fashionista.com/2013/11/edward-molyneux-norman-hartnell-gustave-beer#3

Um comentário:

  1. Não conhecia este costureiro,... Obrigada por patilhar, Míriam! Beijos!

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Que bom que você veio ao meu blog e vai deixar um comentário!

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